quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

MORTA: A IGREJA OU EU?

- Ah, eu não perco tempo de ir àquela igreja não. Ela é morta. Quero ir aonde aconteça alguma coisa, disse certa senhora. De certo modo, nós todos partilhamos de sentimentos assim. Algumas igrejas estão mortas. Mas se estão é porque os crentes estão mortos. Numa igreja onde houver um crente vivo, a igreja não estará totalmente morta. E se este crente se tornar avivado, ele pode se tornar uma chama, pelo poder de Deus, e revitalizar a igreja. E o crente que fizer isso talvez esteja demonstrando uma espiritualidade mais profunda do que a daquele crente impaciente que vai procurar outra igreja, onde esteja “acontecendo” alguma coisa.

Talvez seja bom analisarmos um pouco, mais detalhadamente, essa ânsia hoje tão comum de ir para outra igreja, onde está “acontecendo” alguma coisa. Em alguns casos, essa mudança é válida, quando é Deus quem a orienta. Mas precisamos estar certos de que é Deus mesmo quem está determinando, e não somos nós que estamos querendo fugir de um proble-ma, impulsionados por um imaturo desejo de busca de emoções fortes.

A verdadeira pergunta que devemos fazer é a seguinte: o que deveria estar acontecendo na igreja? O mais importante nisso tudo é experimentar a presença de Deus. Existe por aí muito “barulho” emocional que não é operado por Deus, nem é evidência da presença Dele. É coisa da carne, gerada, organizada e manipulada por homens. Mas a verdadeira consciência da presença de Deus, geralmente, é muito silenciosa. Há uma sensação de profundo respeito, reverência e alegria santa. Sentimos que não estamos num piquenique, mas pisamos terra santa. Não se trata de um divertimento, mas de uma experiência de alma. Quanto mais profundo e terrível for o sentimento da presença de Deus, menos disposição teremos para risos e atitudes levianas. Quando uma igreja é invadida pelo sentimento da presença de Deus, até os pecadores o percebem.

O sentimento da presença de Deus é acompanhado de um consciente e deliberado espírito de adoração. Em todos os cultos, as pessoas deveriam apenas adorar a Deus, deveriam louvar e orar de maneira que demonstrem quem Deus realmente é. Ele é quem deve ser exaltado, e não os homens, que talvez estejam na direção dos trabalhos da igreja. Não devemos ir à igreja para ver o que está acontecendo. E não devemos ficar sentados pensando no que será que vai acontecer em seguida. Não devemos ser meros assistentes, mas verdadeiros adoradores. Não estamos ali à busca de diversão, mas em busca de Deus. Em muitas dessas igrejas “trepidantes”, a maioria dos que ali se encontram é constituída de “assistentes”. São pessoas que estão apenas em busca de curiosidades, novidades e até shows. Os que fazem o “acontecimento” são uns poucos. O povo que ali está constitui uma platéia e não um corpo. Pode ser que muita coisa “aconteça” sem que realmente se realize um culto.

Outra coisa que é uma experiência correta, numa igreja biblicamente viva, é a fiel e ungida pregação da Palavra de Deus. Foi isso que Deus determinou. As pessoas que desejam apenas sensações, que no fundo têm medo da verdade e preferem os fogos de artifício da emoção, logicamente vão se sentir entediadas com a pregação simples da Palavra. Quando falam em “acontecer” não estão pensando em ouvir a pregação. Mas aí é que fica demonstrada sua superficialidade. Deus está em sua Palavra. Ele colocou bem no centro de seu método de operação a pregação da Palavra. E se a pregação é bíblica, preparada com um estudo cuidadoso da Bíblia, e se acha impregnada de verdades, e dinamizada pela oração e pelo Espírito Santo, não existe nada mais poderoso que ela. Aí é que está a verdadeira ação! Nas profundezas das almas estão ocorrendo maravilhosas transformações. Os pecadores estão sendo despertados; crentes estão sendo edificados para entrarem numa santificação do coração; os crentes mais consagrados estão se fortalecendo espiritualmente. Que outros “acontecimentos” poderiam ser mais importantes do que esses maravilhosos efeitos da ação do Senhor?

Por fim tudo que se passa numa igreja deve dar como resultado um viver mais santo. Se isso não acontecer, a exuberância religiosa não passa de mera fanfarra. A verdadeira prova a que se deve submeter a espiritualidade de uma igreja é a da conduta ética, não a do seu êxtase. O que conta não são os gritos de uma igreja, mas o modo como vivemos a vida, nos momentos em que sofremos atritos nessa caminhada. O que “acontece” numa igreja deve frutificar em lares mais felizes, melhor relacionamento entre as pessoas, e um testemunho mais coerente perante nossos vizinhos e colegas. O que acontece na igreja deve extrapolar as paredes do templo e se tornar uma força que poderá transformar sua comunidade para Deus.

Richard S. Taylor

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